Contudo, os industriais em Portugal reclamam por medidas internas que permitam ao país manter-se competitivo face aos seus parceiros europeus (dos 10 maiores exportadores mundiais de vinho, para além de Portugal, 4 são países europeus, respetivamente a Itália - com uma estimativa de 24,3 Mhl; Espanha - 22,3 Mhl; França - 14,1 Mhl; Alemanha - 4,1 Mh) e à concorrência mundial (com destaque para a Austrália – 7 Mhl; Chile - 6,6 Mhl; USA - 4,2 Mhl; África do Sul - 3,5 Mhl; Argentina - 3,1 milhões hl).
A biofortificação agronómica tem sido utilizada como prática complementar para ampliar o potencial de enriquecimento dos teores de nutrientes na parte edível das culturas, com acréscimo de características profilácticas para a saúde pública. Assim, as castas selecionadas deverão possuir elevadas taxas de absorção radicular e de translocação para a parte aérea de nutrientes. Acresce que a produção / produtividade da cultura deve estar optimizada para assegurar a rentabilidade económica da exploração agrícola.
Neste enquadramento a produção de uva biofortificada em zinco (que naturalmente já possui elevados teores de compostos fenólicos, procianidinas, taninos, antocianinas, flavenois e estibenos) em Portugal, com potencial para a transformação em vinho biofortificado, pode constituir uma nova gama de produtos.
A biofortificação da uva já é uma prática reconhecida a nível internacional. No plano tecnológico, a aplicação de zinco também é uma prática usual, mediante utilização de sulfato de zinco, óxido de zinco ou Zn-oxisulfato. As técnicas de aplicação de zinco estão claramente definidas para a videira podendo obter-se acréscimos de 3-4 x nos respectivos teores (100-200 mg Zn Kg-1 peso seco). A videira tem ainda uma elevada taxa de mobilização de zinco e minimiza a acumulação de cádmio no fruto.
Porém, à assimilação zinco nas videiras e a consequente acumulação na uva, contrapõe-se a eliminação parcial na fermentação alcoólica. O teor de zinco nos vinhos depende da intensidade da maceração, extracção e solubilização durante a fermentação, já que este elemento mineral predomina nas películas e grainhas da uva.