A biofortificação agronómica tem sido utilizada como prática complementar para ampliar o potencial de enriquecimento dos teores de nutrientes na parte edível de herbáceas ou lenhosas, com acréscimo de características profilácticas para a saúde pública. Neste processo, recorrendo-se à adubação do solo e folear (em fases especificas do crescimento vegetativo) com fertilizantes, pretende-se ainda maximizar a produção / produtividade, sem perder de vista a rentabilidade económica da exploração agrícola.
Em Portugal, a produção colhida de Pera Rocha em média ascende a 160000 ton, predomina na Região Oeste maioritariamente em 8 concelhos (Cadaval, Bombarral, Torres Vedras, Caldas da Rainha, Alcobaça, Lourinhã, Óbidos e Mafra). Cerca de 70% da produção destina-se ao consumidor nacional, sendo a Inglaterra, Brasil, Irlanda e Canadá os principais destinos da exportação (dependendo anualmente da produção, 40000-50000 ton).
Por se reconhecer a importância da adubação com formas solúveis de cálcio na fisiologia das espécies vegetais, as tecnologias para biofortificação agronómica neste macronutriente já vêm sendo desenvolvidas a nível internacional. Neste enquadramento destaca-se ainda o apoio financeiro que a nível internacional vem sendo atribuído à biofortificação em geral, e cálcio em particular.
No caso particular da Pera Rocha, o enriquecimento em cálcio deve ocorrer preferencialmente em pomares com solos profundos com boa drenagem e um pH oscilando em torno de 6,5. A par da aplicação clássica de fertilizantes / estimulantes e fungicidas / inseticidas, considerando ainda o vigor das árvores, a biofortificação em cálcio deve recorrer à aplicação foliar em tempos específicos de formas solúveis em cálcio. Mantendo a produção / produtividade máxima da cultura, estima-se um acréscimo dos teores de cálcio em 50-100% (aproximadamente 3-4% do peso seco).
Neste enquadramento, porque Portugal não produz Pera Rocha biofortificada em cálcio, face à crescente pressão concorrencial internacional, torna-se relevante uma estratégia própria e focada, com especialização inteligente e aplicação e gestão, segundo um contexto de inovação, para acréscimo adicional na cadeia de valor do produto. Aponta-se assim para um nicho de mercado dinâmico e inovador que poderá ser equacionado pelo tecido empresarial português associado à produção de Pera Rocha.
Não existindo, em Portugal, Pera Rocha biofortificada em cálcio mas possuindo indicadores de competitividade elevada consideram-se os seguintes índices / objectivos ao nível da produção e conservação:
1. Otimização da produção de Pera Rocha, com elevados índices de comercialização nacional e internacional, para biofortificação em cálcio, considerando a interação entre os diferentes sistemas, nomeadamente as interações entre os tipos de adubação e os momentos de aplicação.
2. Delineamento de um itinerário técnico para a produção de Pera Rocha biofortificada em cálcio destinada ao consumo direto é à transformação industrial.
3. Aferição do efeito dos processos de transformação em Pera Rocha biofortificada em cálcio na composição nutricional, considerando os requisitos industria dos mercados-alvo, de acordo com os requisitos da Alta Segurança Alimentar e as diretivas da União Europeia para o sector.