Num clima mediterrâneo com influência atlântica, o arroz é maioritariamente cultivado em condições de regadio. As explorações agrícolas caracterizam-se por possuírem tamanho médio a grande e por serem intensamente mecanizadas. Predomina a sementeira direta e a utilização de fertilizantes e outros produtos fitossanitários na proteção das culturas está amplamente divulgada.
No conjunto da agricultura portuguesa, a situação atual do cultivo de arroz é favorável, com uma produção próxima da média comunitária. Contudo, apesar de as áreas de cultivo irem diminuindo, e de a tecnologia do sector apresentar algumas limitações, a produtividade é aceitável mas insuficiente para satisfazer as necessidades dos portugueses.
De facto, em média Portugal consome cerca de 180000 ton (44% carolino, 45% agulha e 11% basmati, aromático e risotto) mas só produz cerca de 120000 ton (72% carolino, 27% agulha e 1% médio redondo). Portugal importa assim cerca de 90% de arroz agulha sendo autossuficiente em carolino.
Neste contexto a produção de arroz, que em Portugal ocorre no Vale do Sado, Vale do Tejo e Sorraia e Vale do Mondego (Baixo Mondego), depende de três parâmetros cruciais:
1. A temperatura, que pode afectar a planta se for extremamente baixa;
2. A água disponível, que determina a superfície que pode ser semeada e que influencia o aparecimento de doenças;
3. A quantidade de radiação solar que os arrozais recebem.
Neste enquadramento, considerando que face à crescente pressão concorrencial internacional, os vetores de competitividade devem estar na base da formulação de uma estratégia própria e focada de especialização inteligente e da sua aplicação e gestão, segundo um contexto de inovação, a biofortificação natural do arroz em selénio, traduzirá assim um acréscimo adicional na cadeia de valor do produto.
De facto, sendo um alimento funcional, face às respectivas funções terapêuticas, irá constituir um nicho de mercado dinâmico e inovador que poderá ser equacionado pelo tecido empresarial português.
A evolução do sector orizícola, em Portugal deve centrar os seus indicadores de competitividade no âmbito das preferências dos consumidores, de forma progressivamente mais profiláctica e com crescentes índices de exportação (considerando neste caso a produção de arroz com características únicas de biofortificação). Neste contexto, a presente iniciativa compreende quatro objetivos principais:
1. Otimização da produção de dois genótipos de arroz biofortificado em selénio, considerando a interação entre os diferentes sistemas, nomeadamente as interações entre os genótipos de arroz e os tipos de adubação e momentos de aplicação.
2. Delineamento de um itinerário técnico para a produção de 2 variedades de arroz biofortificado em selénio para transformação industrial em farinha destinada a produtos “baby food”.
3. Localização tecidular do selénio no grão de arroz para seriação da tecnologia industrial a utilizar na produção de farinha (integral ou refinada).
4. Aferição do efeito dos processos de transformação em arroz biofortificado na composição nutricional, considerando os requisitos industriais dos mercados-alvo (produtos “Baby Food”), de acordo com os requisitos da Alta Segurança Alimentar e as diretivas da União Europeia para o sector.
Na definição destes objectivos considera-se que a qualidade do arroz é o resultado da interação das condições de cultivo (tipo de solo, clima, pragas, práticas culturais e genótipo), assim como das operações de colheita, conservação e processamento, factores estes que influenciam diretamente o uso industrial a ser dado ao produto final (incorporação em produtos "Baby Food").