Objectivos

Portugal com uma produção cerealífera outono / inverno (trigo, centeio, aveia, cevada e triticale) média de 220 milhões de toneladas (cerca de 90% da produção no Alentejo), em cerca de 175 milhões de ha, possui baixas rentabilidades porque, em geral, os solos são pobres e o clima é mediterrânico e possui estações do ano cada vez menos pronunciadas.

Assim, comparativamente a outras produções cerealíferas mundiais, a optimização da cerealicultura portuguesa passa por produzir qualidade. Contudo, correspondendo a produção cerealífera nacional apenas a cerca de 12% do consumo, a exportação não é viável se a qualidade não envolver, por acréscimo, inovação para a adição de valor, tornando favorável o balanço competitivo face à importação. Adoptando-se este perspectiva torna-se essencial associar a qualidade com a inovação.

Equacionando o caso particular do trigo, verifica-se que em Portugal a área cultivada oscila em torno de 105000 ha, com uma produção média de 249000 ton e uma produtividade média de 2384 kg/ha. Neste contexto, o grau de aprovisionamento do país ascende a 20-24%.

Acresce que o Alentejo é a zona com a maior produção, 228 718 toneladas, e apresenta um índice de produtividade de 40.3%, por oposição ao Algarve que apresenta a menor produção (cerca de 1 919 toneladas). O Norte do país acaba por ser a zona do país com maior índice de produtividade (cerca de 72%).

Neste enquadramento, a produção de trigo biofortificado em zinco para obtenção de farinha enriquecida, naturalmente em zinco, constitui uma opção viável e inovadora no plano tecnológico, com potencial para obtenção de mais-valia à fileira.

Equacionando o factor inovação, a biofortificação do trigo em zinco, porque constitui um alimento funcional de base, irá potenciar o valor na cadeia agro-industrial. De facto, na União Europeia a produção de alimentos funcionais está limitada a cerca de 12%, situação que torna concorrencial a produção de trigo biofortificado.

Neste enquadramento pretende-se agregar valor à produção de trigo mole, destacando-se:

1. Optimização da produção de trigo mole biofortificado em zinco, considerando a interação entre os diferentes sistemas, nomeadamente as interações entre os genótipos de trigo mole e os tipos de adubação e momentos de aplicação;

2. Localização tecidular dos macro e microelementos inorgânicos, com destaque para o zinco, nos grãos de trigo mole para seriação da tecnologia industrial a utilizar na produção de farinha (integral ou refinada);

3. Aferição do efeito dos processos de transformação em trigo mole biofortificado em zinco na composição nutricional, considerando os requisitos industria dos mercados-alvo, de acordo com os requisitos da Alta Segurança Alimentar e as diretivas da União Europeia para o sector.